quarta-feira, 3 de março de 2010

Onde está?

Sem amigos verdadeiros, sem família verdadeira, a única coisa que tinha eram colegas pra fechar a mesa e outras coisas também. Bebia e fumava em excesso, as vezes trocava o copo por poeira branca que a deixava ainda mais distante do que nem se imaginava.
Essa é a história de Anita, a menina que não entendeu seu amor.
Nunca foi lá grande filha, e mesmo que fosse sua casa não transbordava de carinho. Nunca teve um namorado que lhe mostrasse algo interessante, alguém que a dissesse Estou com saudade. Anita desde sempre foi acostumada a viver desse jeito, de seu próprio jeito, pois se não tinha um mundo se via obrigada a criar o seu próprio. O máximo que conhecia era um pessoal estranho que sempre tinha pó. As duas únicas pessoas que se aproximavam daquilo que se pode chamar amigo, eram Andrew, um menino que mais andava com ela para satisfazer suas vontades sexuais e Louise, uma prostituta do bairro por onde vivia.
Anita gostava de fazer misturas e sempre chegava a um estado que ninguém podia ou queria ajudar. Andrew não era um cara do tipo interessante e quase sempre se envolvia em brigas de rua, principalmente quando levava a garota até seu quarto numa pensão perto de onde Anita vivia, por lá sempre ficavam num bar na esquina e na grande maioria das vezes, não tinham dinheiro pra pagar a conta. Louise também andava sempre encrencada, clientes devedores e que a espancavam não faltavam, era além de tudo, uma pessoa vazia, mas mesmo assim Anita sentia alguma coisa que fazia com que não a abandonasse.
Talvez tivessem algo em comum.
E tinham, a cama de Andrew, que além das duas vivia cheia de garotas do bairro.
Eram só eles, entre todos que viviam por ali, frequentavam o quarto de Andrew e os dotes de Louise que se conversavam.
No fim, nada além do que se possa imaginar, Andrew morreu de overdose, Louise de AIDs e Anita, dessa nunca mais se ouviu falar, alguns dizem que anda pelas suas do bairro mendigando, outros ainda dizem que morreu, outros dizem que simplesmente foi para um sanatório público.
O fato é que apesar de toda a situação, mesmo Anita, que não tinha nada na vida, conheceu o amor, mesmo que fugaz.

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